terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pensamento alheio : Cecília Meireles



Noções

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.

Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera…

Cecília Meireles
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Decepcionar-se é viver!


 Sempre repito continuamente: "Não se fie em expectativas para não gerar decepções, pois somos nós os responsáveis por nossas frustrações".Afinal, fomos nós que nutrimos de esperança simples circunstâncias ou emoções. Ainda que passe uma eternidade prosseguirei reproduzindo esta frase mentalmente para, em seguida, padecer deste mal mais uma vez.

 Contudo, estou tentado colocar em prática esta lógica. Convicta de que cada êxito conquistado merece sua devida importância e que minhas decepções não passam de consequência de grandes esperanças cultivadas.

  E, antes de qualquer coisa, decepcionar-se é viver. Porque não? Decepcionar-se com o que realizou ou perdeu a chance de realizar, com quem poderia ter se tornado ou apenas porque não ousou se permitir. Enfim, há diversas possibilidades...

  Mas, o notável é saber que rumo dar a este sentimento. É compreender que sempre haverá uma infinidade de caminhos a percorrer e acreditar  mesmo assim que poderemos escolher.No final das contas, o que é a  vida senão optar por caminhos entre vielas que se cruzam?

Por  Islayne C.
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Cabo de Aço!


   Hoje acordei com cheiro de café torrado, a nostalgia dos tempos transborda meus rios de alegria.  O que anima o meu espírito é o conforto da mesma mão que afagava o meu olhar sonolento, ainda acarinhar meus sonhos. Queria tanto senti-la a todo instante, mas talvez não sobrevivesse as vicissitudes. A memória mantém viva o brilho dos primeiros enlaces e das primeiras invenções. A todo o momento eu tenho a oportunidade de Ser, porém o que fui me atrai e encanta. O que teme minha frágil consciência? Apelo à facilidade do que me protege, mas ecoa dentro da minha alma a vontade de emergir e tomar fôlego. Sinto que essa condição não é inerente apenas a mim, recordar parece uma constante. Embora confesse temer, apenas uma alternativa impulsiona os meus pés, prossigo para o que não vejo e para o que não posso fugir se permaneço é porque sou um pouco de lá e de cá, carrego as estações, um pouco de você e todo o mundo em mim.  


Por Dayane Gomes
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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pensamento alheio : Fernando Pessoa


Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. 
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...
Fernando Pessoa 
(Álvaro de Campos)

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Insólito mundo ou insólito eu?!

     Image  by Piero Fornasetti

 Cá estava eu, no meu ensimesmamento sobre o nosso estranho mundo. E me dei conta do quão é esquisito que algumas pessoas se submetam a viver pela simples busca de representar ou ser algo que nem de longe são. Sempre exibindo os seus aparentes êxitos e alegrias. Mas, ao que parece, é o travesseiro delas que ajuda a enxugar suas lágrimas. E vivem assim, sentindo-se protegidas por este falso contentamento.

  No entanto, o que me espanta de verdade é a controvérsia causada por aquele que deseja ser sincero. Ou seja, aquele que não se envergonha de sofrer por conflitos, assumir fracassos, decepções ou que não é tão bem sucedido. Afinal, isso é ser humano. Ora estamos felizes, ora estamos desapontados. Até porque a vida não é nada fácil. Ela é desafiadora!

  Tal fato, me traz outra inquietação: Porque será que quando decidimos expor nossas mazelas , logo o outro quer provar que tem mais motivos para estar deprimido? Simples, não importa o que te traz angústia o problema do outro é sempre mais importante que o nosso.

 Portanto, as pessoas são apenas como elas são. Contudo, devemos evitar ações e sentimentos unilaterais, pois viver o limiar entre a felicidade e a tristeza é a plenitude da vida.

Por  Islayne C.
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Festa no quintal!



  Bom dia, Felicidade! Não te escondas de mim, hoje te quero inteira. O meu anseio se concentra nas minhas gargalhadas e nas alheias, no rubor das bochechas, na piscadela de um contentamento, nas palmadas do reencontro amigo, nas bobagens proferidas de pessoas que se amam, na oportunidade de expressar todo carinho, no banho e no cheiro de chuva, na música preferida, na valsa com o travesseiro, em fazer um bolo, em passar o dedo na cobertura do bolo, no telefonema inesperado e afetuoso, na leitura de um belo e-mail, no abraço de um filho, no sorriso do pai, no afago da mãe, no beijo dado, no coração apaixonado, o terno olhar do bichinho de estimação, na candura das nuvens e seus desenhos espetaculares, no céu que ecoa toda beleza de ser, no sorriso das flores, no movimento do ar que delicia minha face, ao sentir os pés na superfície, nos minutos que disponho arduamente vestir-me de alegria!

  E como diria Clarice Lispector : "Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito"

Por Dayane Gomes
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Catavento...



  Cada face apresenta um desejo na esperança que bons ventos tragam a concretização. Propagar sonhos é olhar avante, sulcar os planos e obstinar a força, manter a razão ativa. Espero que a fuligem irrefragável carregue os entraves e desembace a visão. Sei da sua imprevisibilidade, mas também do seu movimento, o que dilui o meu encanto, aborrece, mas transforma. Sou constituída de sopro e quero sorver o seu frescor até sentir-me saciada. Anseio que a leveza acompanhe a caminhada, mas se porventura aparecerem os redemoinhos e lhe roubarem algumas partes que o eixo permaneça no mesmo lugar.
  Um novo ano feliz!

Por Dayane Gomes
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Vale o Clique: Father and Daughter (animação)

Sabe aquele vínculo afetivo que não se desfaz nem mesmo com as desventuras da vida? Pois bem, o “Vale o Clique” de hoje traz uma animação que nos faz refletir sobre este assunto.

Dirigida e ilustrada pelo diretor holandês Michaël Dudok de Wil, a animação Father and Daughter, ganhadora do Oscar de melhor curta-metragem de animação em 2001, conta de maneira lírica a dor de uma despedida e a ânsia de uma longa espera.

Com desenhos feitos em aquarela e posteriormente digitalizados, Will lança mão de elementos da natureza a fim de pontuar o aspecto reflexivo e até mesmo melancólico que a personagem carrega dentro de si no decorrer da vida.

Atentem-se à sutileza da trilha sonora e desfrutem desta poesia visual... Afinal, existem laços que nenhuma despedida é capaz de desatar.

Por  Islayne C.
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Father and Daughter


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Barulhinho Bom : Lana Del Rey

  Com pouco mais de 18 milhões de visitas em seu primeiro clipe “Video Games” no Youtube, Lana Del Rey, nova-iorquina de 24 anos, tem gerado expectativas para o lançamento do seu álbum de estréia Born to Die que tem data prevista para 30 de janeiro.
 Desde que chegou a cena musical, com ares de uma menina que ficou perdida em outra época, Lana vem conquistando o público a cada single com seus vídeos envoltos de sensualidade e requinte.

  Ela tem a voz, o visual e canções magnéticas. Será uma nova estrela? Eu não sei. Pessoalmente gosto do que ouvi, pois suas músicas transparecem certa fragilidade ao mesmo tempo em que são obscuras. Então, acho que é uma boa aposta.

Bem, os deixo para que apreciem este “Barulhinho Bom”...


Por  Islayne C.
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Video Games

Blue Jeans

Yayo


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vale o Clique : Elliott Erwitt


Com uma cuidadosa composição fotográfica e um prisma objetivo de vida, aliado ao humor e a originalidade, as imagens do fotógrafo franco-americano Elliott Erwitt merecem o “Vale o Clique” de hoje.

Considerado um dos fotógrafos mais importantes da segunda metade do século XX e integrante da renomada agência Magnum, Erwitt transita entre a publicidade e o fotojornalismo. Além de já ter exposto seu trabalho em grandes museus de Arte Contemporânea, ele também publicou diverso livros e registrou documentários.

Enfim, seja capturando momentos intensamente privados ou destacando uma situação absurda, Erwitt nos brinda sempre com sua ironia intencional.
   


Por  Islayne C.
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Nova  Iorque  , 1953

Califórnia, 1983

Carolina do Norte, 1950

Brasil, 1990

Museu do Prado,  Madrid, 1995


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Praticando o ócio criativo...


"O ócio criativo é uma arte que se aprende e se aperfeiçoa com o tempo e com o exercício. Existe uma alienação por excesso de trabalho pós-industrial e de ócio criativo[...] É necessário aprender que o trabalho não é tudo na vida e que existem outros grandes valores: o estudo para produzir saber; a diversão para produzir alegria; o sexo para produzir prazer; a família para produzir solidariedade, etc."  (Trecho retirado do site Mario Persona )
Domenico De Masi, sociólogo italiano

Sim, somos adeptas ao ócio criativo.E vocês? Esperamos que o pratiquem também.
No mais, logo voltaremos a folhear pensamentos por aqui...

Abraços,
Islayne C. e Dayane Gomes
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