sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pensamento Alheio: Armando Freitas Filho



  A felicidade pode ser de carne 
  de pele apenas - corpo sem cara 
  nem cabeça, mas com a boca máxima 
  e muitos braços, peitos, coxa 
  perna musculosa, clavícula 
  omoplata, ventre liso esticado 
  peludo no lugar certo do sexo 
  e mais o cheiro preciso, exasperado 
  da axila, virilha, pé 
  tudo chegando junto, de uma vez 
  ou aos poucos, esquartejado.

Números anônimos, 1994.Armando Freitas Filho.Nova Fronteira 
Siga-nos no Twitter :  @FolheandoPensam

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Barulhinho Bom: Agridoce


Olá pessoal! Minha sugestão para hoje é o duo Agridoce, um projeto paralelo da cantora Pitty juntamente com o guitarrista Martin.O trabalho se concretiza por músicas folk, inspiradas em alguns artistas como  Leonard CohenNick DrakeJeff Buckley e Elliott Smith.


Agridoce, perpassa pelo intimismo e pelas baladas românticas, assim como sugere o nome, um pouco de suavidade para esta agitação cotidiana. Como destaque, apresento à vocês duas músicas que muito me apetecem: Dançando e 130 anos. Permitam-se! Beijo Grande!

Por  Dayane Gomes
Sigam-nos no Twitter :  @FolheandoPensam

"Dançando"

"130 anos"

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pensamento Alheio: Rafael Silvestre


By Cahaddad

Loucura! 

Existem dois orifícios em minha atmosfera de delírios noturnos. Um vem do lado esquerdo do meu corpo, onde ficam as minhas maiores satisfações últimas. O outro, acima dos meus olhos, meio verdes e meio azuis, de vez em quando castanhos. Ambos, entretanto, me preenchem o estado único de prazer infiel, estranho, capaz de me entorpecer sempre em delírios noturnos, atrás de silêncios e infinitas projeções de desespero.

Agora mesmo, quando passo a mão na minha alma, solta no vento, indo e voltando no meu corpo, percebo o quão arriscado são essas sensações, identificadas apenas quando permito-me viver um pouco mais além da conta de dois goles de álcool. 

Nasci perto do escuro, perto da afortunada resistência de um destino de semanas. Por isso aprendi a criar regras e imposições apenas minhas, soltas, calmas, fiéis ao meu desespero de viver a lacuna dos outros. No outono isso se acentua mais porque vigora, na nitidez, lágrimas de anos de solidão incompleta. 

Mas não percebo a minha insensatez como tudo isso. Acordo sempre, respiro sempre, transmito palavras sempre, levanto-me sempre, não noto que sou tão forte e mais rápido do que minha própria condenação. Sou a borboleta azul de mar azul, que quando quer permite-se morrer cantando, voltando no seu tempo. 

A utopia, as decisões nulas, o escuro, a luz dos dentes brancos, o aperto de mão e o pão amanhecido permitem isso, me deixam viajar enquanto meus pés pulam do chão. Hoje mesmo por quatro a cinco minutos me dei forma e coesão nesse mundão que gira em torno do meu abismo profundo.

A loucura é o meu prazer indissociável, é meu atributo espacial, de tempo, forma e movimento. A loucura é a minha transmutação entre o além e a bravura de me perceber assim, por entre insanidades e satisfação.
  
Rafa Silvestre 
Twitter: @PoetaRafael
Para mais textos , acesse: Arte no Movimento 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...