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Nos meus tempos pueris, o universo das
letras me encantava. Devorava obras literárias como se me alimentasse da minha
própria substância, conforme num processo autofágico.
Pernoitava de livro em livro e me nutria
ao sentir cada emoção que aquelas páginas faziam emergir em mim. Bem que eu
tentava evitar, me entregando ao sono. Contudo, essas histórias me afloravam um
desejo de possuí-las, mesmo sabendo que não eram minhas, não conseguia deixá-las.
Enfim, sempre que lia estas obras atuava como coadjuvante em passagens narrativas que me faziam vivenciar
caminhos por quais nunca imaginei passar. Viajei por todos os lugares do mundo,
conheci linguagens e paisagens antes mesmo de descobri-las. E ainda, me
deparei com personagens e situações que passaram a fazer parte do meu
cotidiano.
Tais estórias me enriqueceram e
afagaram durante anos. Fantasiei ao querer me envolver com letras que me expressassem.
No entanto, este enlevo desfez-se com o decorrer do tempo, e elas já não me
suscitam mais sentimentos como em outrora.
Será que você, folheador de pensamentos, está lendo alguma história que tem te envolvido? Não quer me contar qual é? Quem sabe eu não leia e me encante também...