quarta-feira, 30 de maio de 2012

Pensamento Alheio : Cláudia Viana


Beba-me

Traga a sua boca fechada
Mantenha a palavra guardada
Pense bem antes de pronunciar
Coisas que podem me magoar

Venha com os seus braços abertos
Ávidos por me abraçar
Solte se eu não mais o quero
Não venha me sufocar

Não tire da cara o espanto
Ao ver de mim água brotar
Beba-me com total delicadeza
Pra minha fonte não secar

Traga uma rosa bem vermelha
Pra bem dizer sua chegada
Faça de mim a sua namorada
E dancemos até de madrugada

Deite em mim o seu silêncio
Troquemos palavras em pensamentos
E coma da minha carne riste membro
Porque essa é a dor que eu agüento
Cláudia Viana 
Twitter: @_cssf

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Vale o Clique: Dirceu Veiga e a Coffee Art

Procurando por alguns ilustradores brasileiros, acabei encontrando o trabalho do designer Dirceu Veiga. Confesso que não sei muito sobre ele, mas as ilustrações que vi em seu site foram suficientes para me deixar encantada.

Morador de Curitiba, Veiga começou sua carreira em 1994 como ilustrador de histórias infantis.Durante um momento de descontração em uma cafeteria, o artista descobriu um novo modo de apreciar o café...

Então,se para você o café é uma bebida a ser saboreada ao final da tarde, para ele é um meio de expressar sua criatividade.

Para mais, acessem: http://www.dirceuveiga.com.br/


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pensamento Alheio: Los Hermanos

by Hugo de Pádua
O Velho e o Moço

Deixo tudo assim
Não me importo em ver a idade em mim,
Ouço o que convém
Eu gosto é do gasto.

Sei do incômodo e ela tem razão
Quando vem dizer, que eu preciso sim
De todo o cuidado

E se eu fosse o primeiro a voltar
Pra mudar o que eu fiz,
Quem então agora eu seria?

Ah, tanto faz
Que o que não foi não é
Eu sei que ainda vou voltar...
Mas eu, quem será?

Deixo tudo assim,
Não me acanho em ver
Vaidade em mim
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.

Sei do escândalo
E eles têm razão
Quando vêm dizer
Que eu não sei medir
Nem tempo e nem medo

E se eu for
O primeiro a prever
E poder desistir
Do que for dar errado?

Ora, se não sou eu
Quem mais vai decidir
O que é bom pra mim?
Dispenso a previsão!

Ah, se o que eu sou
É também o que eu escolhi ser
Aceito a condição

Vou levando assim
Que o acaso é amigo
Do meu coração
Quando fala comigo,
Quando eu sei ouvir
Los Hermanos
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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pensamento Alheio: Charles Baudelaire

A alma do vinho
A alma do vinho assim cantava nas garrafas:
"Homem, ó desherdado amigo, eu te compús,
Nesta prisão de vidro e lacre em que me abafas,
Um cântico em que há só fraternidade e luz!

Bem sei quanto custa, na colina incendida,
De causticante sol, de suor e de labor,
Para fazer minha alma e engendrar minha vida;
Mas eu não hei de ser ingrato e corruptor,

Porque eu sinto um prazer imenso quando baixo
À guela do homem que já trabalhou demais,
E seu peito abrasante é doce tumba que acho
Mais propícia ao prazer que as adegas glaciais.

Não ouves retinir a domingueira toada
E esperanças chalrar em meu seio, febrís?
Cotovelos na mesa e manga arregaçada,
Tu me hás de bendizer e tu serás feliz:

Hei de acender-te o olhar da esposa embevecida;
A teu filho farei voltar a força e a cor
E serei para tão tenro atleta da vida
Como o óleo que os tendões enrija ao lutador.

Sobre ti tombarei, vegetal ambrosia,
Grão precioso que lança o eterno Semeador,
Para que enfim do nosso amor nasça a poesia
Que até Deus subirá como uma rara flor!"
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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Vale o clique: A irreverência de Damien Hirst


Umavez um professor me disse que um livro só é interessante quando causa certo estranhamento.Pois bem, eu também aplico este conceito à arte.

Sendoassim, o artista que escolhi para mostrar hoje é o britânico Damien Hirst.Apesarde não me sentir magnetizada por algumas de suas obras, confesso que fico cadavez mais intrigada ao apreciá-las.

Conhecidocomo o mais proeminente do “Young British Artist", movimento conceitual dadécada de 90, este artista faz da morte o fio condutor do seu trabalho. Afinal,ficou conhecido pela série "Natural History" na qual animais foram suspensos e preservados em formol.

Nasemana passada, ocorreu a oitava edição do SP-Arte e logo na abertura um dos seus mais famosose controversos trabalhos ,"spot paitings" , foi vendido por cerca de R$ 1,8 milhão. Tal fato, confirma o porquê de Hirst ser considerado um dos artistasde maior êxito financeiro da sua geração.

Sinceramente,eu acho que os valores do mercado de arte são tão subjetivos quanto a própria obra,pois não temos como prever a relevância que este artista terá daqui a 40anos.Enfim, os deixo para que registrem suas próprias impressões.
Por  Islayne Cruz
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Damien e suas famosas "spot paintings"
ThePhysical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living
I Am Become Death, Shatterer of Worlds

Saint Sebastian, Exquisite Pain 
Caveira incrustada de diamantes? Vendida por U$ 100 milhões em Londres

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Porta-joias


Quero guardar toda dor e cada lágrima, mantendo assim acesa a lembrança do contentamento do que fomos nós. Os lugares de fato nos pertenceram por alegria e nossa autenticidade realçou as ocasiões. Fomos algumas vezes frívolos e outras tantas pertinentes. Dividimos o teto, o prato, o manto, o ato. As vicissitudes das estações nos tornaram íntimos e indissociáveis.

A nossa separação, sabida, nunca fora desejada, apesar de este fato independer da nossa teimosia. Nosso encontro se deu porque acreditamos no que está escrito, o melhor se foi e ainda se terá. A continuidade se dá no que somos desde o primeiro instante.  Na vida que pulsa o lugar é de honra e destaque, há quaisquer tempos lembrados, vivos para sempre.

Texto in memorian aos meus queridos amigos Samuel, Adriana, Calebe e Beatriz.
Para minha querida Carol e sua pequena Clarisse, que já amo.
Para quem tem a quem amar.

Dayane Gomes
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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Pensamento Alheio : Caetano Veloso

Sou seu sabiá

Se o mundo for desabar
sobre a sua cama
E o medo se aconchegar
sob o seu lençol

E se você sem dormir
tremer ao nascer do sol
Escute a voz de quem ama
ela chega aí

Você pode estar
tristíssimo no seu quarto
Que eu sempre terei
meu jeito de consolar

É só ter alma de ouvir,
e coração de escutar
E nunca me farto
do uníssono com a vida

Eu sou, sou sua sabiá
Não importa
onde for vou te catar
Te vou cantar te vou
te vou te vou te vou

Eu sou, sou sua sabiá
O que eu tenho eu te dou
E tenho a dar
Só tenho a voz cantar,
cantar, cantar, cantar
Caetano Veloso
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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Barulhinho Bom : Mayer Hawthorne


Sabe quando você ouve um Cd inteiro e se apaixona? Pois bem, Mayer  é um cantor que tem esta capacidade. Multi-instrumentista, arranjador, compositor, engenheiro de som e DJ . Enfim, podemos dizer que ele é um artista completo.

Classificado como neo-soul, trazendo à essência do clássico e do vintage a atualidade, ele tem conquistado o público com sua voz rouca.

Em seu álbum Haw Do You Do (2011), de qualidade indescritível, ele renova o sentimento de amor cultivado e perdido alternando entre momentos dançantes e de leveza.

Meu destaque é para The Walk, lançada recentemente, é um hit que vai te fazer desabafar sobre aquele (a) que te faz mal e assim te trazer o momento“ Leave me alone” com o toque de R&B.

Enfim, porque eu acredito que a música renova, abastece, inspira e levanta a alma... Mayer Hawthorne  merece ser o “Barulhinho Bom” desta semana.


Por Emely Campos  



The Walk


Just Ain't Gonna Work Out

Maybe so, Maybe no

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pensamento Alheio : Carlos Drummond de Andrade

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade
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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Vale o Clique: A arte futurista de Oliver Cartwright


Durante este feriado estive pesquisando o trabalho de alguns artistas pela internet. Dentre tantos encontrados, escolhi destacar as criações do britânico Oliver Cartwright.

Morando atualmente na Coréia, o designer realiza as suas obras mesclando o uso da caneta Bic, do Photoshop e de um scanner.Bem, se eu te der uma caneta você é capaz de fazer isto?  

Com ilustrações que combinam o futurismo, a geometria e a fotografia, Cartwright nos convida a viajar por um universo caoticamente belo.

Para mais ,acesse: http://www.olivercartwright.com/

Por  Islayne Cruz
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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pensamento Alheio: Rafael Silvestre

Raios de calmaria

Quando bem cedo o céu despertou, as folhas já não estavam mais presas às arvores, mesmo as mais fortes. O vento da madrugada soprara muito forte, sentido ao infinito, sendo capaz de arrastar para bem longe as já envelhecidas, queimadas, soltas, além das verdes.

Mas o seu olhar não estava para aquilo, não sei o porquê de toda vez notar situações quaisquer. Seu rosto, quente de cama, queria mesmo é enxergar o sol, como em todas as manhãs que se arrastavam desta forma. Luz da alma, sol e céu, na parte mais concreta de sua existência só cabiam lágrimas de saudades, três vezes postas até aquela manhã.

Ainda com vento forte pelo rosto frágil, deu passos firmes rumo à pedra que, de tanto usar, se ajeitara fácil ao seu corpo agredido. Todo tempo do mundo a fez ficar assim, e relembrar tudo a tornou importante como seu gosto por viver.

Sentada, de pernas cruzadas, calma, parou por minutos e tentou buscar aos primeiros raios do sol respostas às suas narrativas de vida. Há quem diga que de tanto se perguntar dos porquês daquilo tudo, a loucura lhe havia aparecido como o respirar profundo de cada indagação.

Olhares de fora que não a preocupavam. Seu sentimento era poder encostar as mãos de dedos frágeis a um rosto que ficou no tempo, um tempo em que amar a deixava leve, feliz, como o sol que nascia amarelado por natureza. 

Sentir aquele momento para ela era mágico, pois seus suspiros de saudade podiam ser apagados por minutos. Era imagem preferida dos dois, e não se sabia ter tal sensação de forma sozinha.

Por minutos ficou. Enxugou as lágrimas que rolaram pela face, boca, chão. Raspou seu sapato velho para tirar o excesso de terra e caminhou rapidamente para o seu lugar de descanso. Tomou pelas mãos seu lençol sujo e voltou a embebedar-se de depressão. Ali ninguém a veria de olhos com águas e nem a chamar por quem ficou parado no tempo, lá atrás, há muito tempo.


Rafa Silvestre 
Twitter: @PoetaRafael
Para mais textos, acesse :  Arte no Movimento
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