A saudade
Sedento bebo teu perfume
e seguro teu rosto
com ambas as mãos,
como quem segura na alma um milagre.
Queima-nos a proximidade,
olhos nos olhos,
como estamos.
E contudo me sussurras: "Tenho tanta saudade de ti!"
Falas tão misteriosa e desejosa,
como se eu estivesse exilado em outro mundo.
Mulher.
que mares levas no peito, e quem és?
Canta ainda uma vez mais tua saudade,
por que te ouça
e os instantes me pareçam botões prenhes
de que florescessem de fato... eternidades.
• De Poemele Luminii (Os Poemas da Luz), 1919